Resenha - Como Fazer Amigos e Enfrentar Fantasmas
Tarde boa, pessoas.
Carnaval diferente também. Não que me importe, só vejo Carnaval pela televisão desde sempre, pra mim, dá no mesmo.
Como brasileiro é preguiçoso pra caramba, deve ter parado no título e pensado "pronto, já li o negócio todo". É um quadrinho de 2019, lançado por Eric Peleias e Gustavo Borges. Eric é escritor e designer gráfico, com coisas como "Até o Fim" e "Últimos Deuses" no currículo (disponível lá no site dele, pra quem interessar), e Gustavo, entre outros, fez "Cebolinha - Recuperação" e "Chico Bento - Pavor Espaciar" (ambos na minha lista, quando a grana der).
"Tá, e o tal quadrinho de fantasma? É do bão?"
Tem prefácio do Fernando "Zoião/Ed Mort" Caruso. E eu acho que ganhar os Troféus HQ MIX e Ângelo Agostini na categoria Melhor Publicação Infantil é credencial o bastante. Me pergunto porque o nome do troféu é "Ângelo Agostini" e não "Miguel Paiva". Devia ter o Nhô Quim em vez da Radical Chic ali. Também, tirinhas especiais para a Fanta, porque, se Publicidade e Propaganda me ensinou uma coisa pra vida (que não vou usar) é que, se faz sucesso, tem uma marca de refrigerante no meio. A diferença é que quadrinhos fazem sua vida melhor, e refrigerante, embora doce, faz sua vida mais curta.
Tudo se passa nos idos da década de 1990. Saudosa década de 1990, cheio de gibi brasileiro nas bancas. He-Man, Comandos em Ação, Jaspion e Jiraiya ainda são populares o bastante, até os Cavaleiros do Zodíaco aparecerem e os animes arruinarem tudo.
Numa dessas, Leo é obrigado outra vez a se dar bem com mais um rolo do seu papai papada, porque o cara, como uma empresa ruim, não consegue manter um bom relacionamento. PORÉM, a espoleta Olívia, filha da namorada da vez, promete fazer as coisas menos chatas e mais movimentadas para seu "quase futuro irmão".
A premissa da história é simples, mas, enquanto acompanhamos os dois personagens principais, a simplicidade dá lugar ao que acontece quando um pouco de imaginação e um bom amigo mantêm você em movimento. Você entende de cara que Leo não é alguém que se abre fácil e, com o passar da leitura, dá pra entender o porquê. Criança faz amizade numa boa, contudo, muitos têm seus atropelos, problemas ou só timidez. Nessa etapa da vida, tentar se dar bem com alguém cuja primeira interação é tirar uma com sua cara e te fazer de besta é uma barra que nem sempre se conta pros outros. Moleques podem ser cruéis, se só porque sim.
Olívia é animada, atenciosa, energética e saltitante. Aquela criança de um bairro suburbano daquela época noventista, que podia circular por aí e fazer amizade com as pessoas sem se preocupar. Que dá "oi" pra um velhinho que, em vez de ser velhote ranzinza como os de hoje, dá "oi" de volta. Sabe, aquele tipo de criança que você adoraria ter como seu primeiro amigo de verdade. Ela aceita de imediato Leo como "irmão" e, com aquela inocência que você esperaria de sua irmã caçula, convida ele para o seu clube, a Sociedade de Investigação do Sobrenatural!
"S.I.S". Diminutivo de "irmã", em inglês. Não sei se foi pensado, mas caiu como uma luva.
As interações deles fazem a diversão do quadrinho. Pense em Dipper e Mabel de Gravity Falls, mas Mabel é a interessada em mistérios e usa o boné. O que faria Dipper bem menos querido do que ele na verdade foi, mas, enfim.
Olívia trata Leo com uma dedicação que você esperaria do seu melhor amigo. Nenhum baixa a cabeça para os chistes do outro, mas também não se comportam como se qualquer deles fosse melhor. Eles se tratam como iguais e, ao avançarmos mais na história, os dois não são tão diferentes. Apenas duas crianças tentando fazer da infância o melhor que podem. Mesmo que seja caçando fantasmas. E eles encontram algum? Vou deixar você ler e descobrir.
Se eu tivesse que extrair uma mensagem da história, seria o quanto o simples fato de ter um amigo de verdade pode mudar você e como você enxerga as coisas. Às vezes, mostrando o que te diverte, sem se impor, outras vezes, tentando fazer você dar risada da maior besteira do mundo e, o mais importante, querendo passar tempo com você. Pode ser alguém da vizinhança, pode ser seu irmão ou irmã, mas, ter uma amizade sincera, por mais diferente (ou não) que as pessoas sejam, faz a diferença, especialmente na infância.
Ao final dessa história, me identifiquei com os dois protagonistas, com como aquela liberdade e também o medo de ser criança faziam parte de crescer. Terminei com uma vontade enorme de abraçar minha irmã, porque sei que não fui tão bom pra ela quanto ela foi pra mim. Nunca é tarde pra ser alguém melhor e um amigo ajuda você a querer ser melhor. Foi o que ganhei dessa leitura e valeu à pena. Vou ler com meus sobrinhos, quando eles tiverem idade o bastante pra não rasgar tudo que veem!
Pois bem, terminamos!...
O quê, você quer link pra download? Nope. Volte em 30 anos, quando esse quadrinho for velho o bastante pra ter aí pela net. Ah, o cara do meio é um personagem meu, não aparece na história. Sabe aquele guri mais velho que andava com os mais novos porque os outros garotos mais velhos eram muito manés? Esse era eu. Vivemos e aprendemos que tem um "Como Fazer Amigos e Enfrentar Fantasmas 2 - O Retorno"! Vou aguardar sair a versão física!
Voltamos na semana que vem com mais Khin, o Samurai Pequeno!
FUI!
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